Boas práticas de Arquitetura de Software para mitigar o Débito Técnico em projetos de software com ciclo de vida longo
Hoje vamos falar sobre um assunto fundamental para o sucesso de um projeto de software, mas em especial de uma plataforma: a ARQUITETURA DE SOFTWARE. Sabemos que, cada vez mais, as empresas têm buscado soluções tecnológicas para se destacarem em um mercado cada vez mais competitivo. Por isso, é importante entender como a arquitetura de software pode ser um fator determinante na escalabilidade, segurança e performance de uma plataforma com ciclo de vida longo.
Mas não é só isso. Decisões arquiteturais mal planejadas podem gerar Débito Técnico, prejudicando a qualidade do código, aumentando a complexidade e dificultando a manutenção. Por isso, é essencial que essas decisões sejam tomadas de forma consciente e estratégica, levando em conta as boas práticas de Arquitetura de Software para mitigar esse Débito Técnico acumulado ao longo do ciclo de vida do projeto.
E é exatamente sobre isso que vamos falar neste artigo. Vamos apresentar as principais decisões arquiteturais em uma plataforma com ciclo de vida longo e os riscos associados ao acúmulo de Débito Técnico nessas decisões. Além disso, vamos mostrar boas práticas para mitigar o débito técnico nas decisões arquiteturais, como a adoção de padrões de projeto, a modularização do código, a documentação e a implementação de testes automatizados. Assim como a refatoração, a reescrita parcial e a adoção de práticas de desenvolvimento mais sustentáveis. E para ajudar a entender melhor como tudo isso funciona na prática, vamos trazer exemplos reais de como estas boas práticas podem ser aplicadas em projetos de plataformas de software com ciclo de vida longo, incluindo cases de sucesso e lições aprendidas.
Então, prepare-se para descobrir como uma arquitetura de software bem projetada e gerenciada pode ser a chave para o sucesso do seu projeto. Vamos lá!
Siakalme! Débito o quê!?
Você sabia que existe um conceito chamado Débito Técnico? Ele está presente há muito tempo na área de tecnologia e se refere a decisões de design ou implementação que são tomadas de forma rápida, pensando apenas no curto prazo. Porém, essas escolhas podem criar um contexto técnico que torna as mudanças futuras mais custosas ou até impossíveis.
O Débito Técnico é uma responsabilidade contingente que impacta principalmente a manutenção e evolução da qualidade do sistema. Dentro da arquitetura de software, existe um tipo de Débito Técnico que é conhecido como Débito Técnico Arquitetural. Ele ocorre quando são tomadas decisões relacionadas à escolha de estrutura, tecnologias, linguagens, processo de desenvolvimento e plataforma.
À medida que os sistemas de software crescem em tamanho e sua vida útil se estende por muitos anos, muitas dessas escolhas originais de design se tornam restrições e limitam a evolução futura ou até mesmo a impedem completamente.
Mas não se preocupe! Existem boas práticas de Arquitetura de Software que podem ajudar a mitigar esses débitos técnicos nas decisões arquiteturais. Adoção de padrões de projeto, modularização do código, documentação e implementação de testes automatizados são algumas dessas práticas.
E para ajudar a entender melhor como lidar com tudo isso, é importante conhecer as estratégias de refatoração, reescrita parcial e adoção de práticas de desenvolvimento mais sustentáveis.
Alguns exemplos
Débito técnico pode acontecer de muitas maneiras diferentes (mais exemplos aqui e alguns outros aqui). Aqui estão alguns exemplos:
- Baixa qualidade de código de software: Isso pode ser causado por desenvolvedores que estão ansiosos para usar as últimas ferramentas, apesar do projeto não ter uma necessidade clara para a ferramenta, falta de padrões de codificação documentados para desenvolvedores e integração e treinamento ad hoc ou inexistente para desenvolvedores.
- Liderança de TI mal equipada: A evolução das tendências de nuvem e contêinerização ocorrem rapidamente e podem rapidamente superar a compreensão dos clientes e equipes de liderança. Isso significa que as organizações muitas vezes adotam ferramentas desnecessárias ou tomam decisões que não entendem completamente, criando assim débito técnico.
- Pandemia e trabalho remoto: A rápida mudança para o trabalho remoto devido ao COVID-19 introduziu uma mistura de débito técnico que inclui segurança, infraestrutura e processos.
- Falta de documentação: A falta de documentação técnica, especialmente sobre código e infraestrutura do projeto, muitas vezes é uma fonte de débito técnico.
É importante reconhecer esses tipos de débito técnico e como eles podem afetar negativamente um projeto. Ao trabalhar para evitar o débito técnico, podemos criar uma base sólida para um projeto de sucesso a longo prazo.
Decisões arquiteturais em plataformas de vida longa e o Débito Técnico
Uma das principais decisões arquiteturais em uma plataforma é a escolha da arquitetura de software. Existem várias arquiteturas de software disponíveis, como a monolítica, a baseada em microsserviços e a baseada em eventos. Cada uma delas tem vantagens e desvantagens, e a escolha da arquitetura correta pode ser crítica para o sucesso do projeto.
A arquitetura monolítica é uma arquitetura de software em que todos os componentes do sistema são interligados e executados em um único processo. Ela é relativamente fácil de implementar e gerenciar, mas pode apresentar problemas de escalabilidade e resiliência. O acúmulo de Débito Técnico nessa arquitetura pode resultar em código confuso, dificuldades na manutenção e problemas de escalabilidade e resiliência.
A arquitetura baseada em microsserviços é uma arquitetura de software em que o sistema é dividido em pequenos serviços independentes, que se comunicam entre si por meio de APIs. Ela é mais complexa de implementar e gerenciar do que a arquitetura monolítica, mas pode oferecer maior escalabilidade e resiliência. O acúmulo de Débito Técnico nessa arquitetura pode resultar em problemas de integração entre os serviços, dificuldades na manutenção e aumento de complexidade.
A arquitetura baseada em eventos é uma arquitetura de software em que o sistema é dividido em eventos que são gerados e consumidos por diferentes componentes do sistema. Ela é altamente escalável e pode oferecer maior resiliência, mas pode ser mais difícil de implementar e gerenciar do que a arquitetura monolítica e a arquitetura baseada em microsserviços. O acúmulo de Débito Técnico nessa arquitetura pode resultar em problemas de desempenho, dificuldades na manutenção e aumento de complexidade.
Sugestões de leitura:
- “Building Microservices” de Sam Newman;
- “Clean Architecture: A Craftsman’s Guide to Software Structure and Design” de Robert C. Martin;
- “Patterns of Enterprise Application Architecture” de Martin Fowler.
Decisão arquitetural: this is the way
Em termos gerais, uma decisão arquitetural é uma escolha que define como o sistema será projetado e implementado, incluindo a seleção de componentes, a definição de interfaces, a organização dos módulos e a alocação de responsabilidades entre eles. Essas decisões têm um impacto significativo em atributos de qualidade do sistema como, por exemplo, desempenho, segurança, escalabilidade e manutenibilidade, e devem ser tomadas com base em critérios técnicos e de negócios.
Para fazer essas escolhas, é necessário considerar diversas alternativas e avaliar suas vantagens e desvantagens, levando em conta o contexto e os requisitos do projeto. Uma abordagem arquitetural disciplinada pode ajudar a garantir que as decisões sejam tomadas de forma consciente e estratégica, maximizando a qualidade do sistema e minimizando o risco de problemas técnicos e de negócios no futuro. Por isso, é fundamental que a equipe de desenvolvimento tenha uma compreensão clara das decisões arquiteturais e de como elas impactam o projeto como um todo.
Boas práticas para mitigar (e monitorar) Débito Técnico
As decisões arquiteturais são de extrema importância em projetos de software com ciclo de vida longo. Uma arquitetura bem definida e estruturada pode garantir a escalabilidade, a segurança e a performance da plataforma ao longo do tempo. No entanto, essas decisões também podem comprometer a qualidade do código, aumentar a complexidade e dificultar a manutenção.
A adoção de padrões de projeto pode ajudar a garantir a qualidade do código e a manutenção da plataforma ao longo do tempo. Os padrões de projeto são soluções para problemas comuns de design de software. Eles fornecem uma linguagem comum para os desenvolvedores e ajudam a garantir a consistência e a reutilização de código. Alguns dos padrões de projeto mais comuns incluem o MVC (Model-View-Controller), o Observer, o Factory e o Singleton.
A modularização do código também é uma prática importante para mitigar o Débito Técnico. A modularização envolve a divisão do código em módulos independentes e reutilizáveis. Isso ajuda a reduzir a complexidade do código e facilita a manutenção da plataforma. Além disso, a modularização permite que as equipes de desenvolvimento trabalhem de forma mais eficiente e colaborativa.
A documentação é outra prática importante para mitigar o Débito Técnico nas decisões arquiteturais. A documentação é fundamental para garantir que as equipes de desenvolvimento possam entender o código e a arquitetura da plataforma. A documentação pode incluir documentação do código, documentação da arquitetura e documentação de processos e procedimentos. Além disso, é importante manter a documentação atualizada e disponível para toda a equipe.
A implementação de testes automatizados também é uma prática importante para mitigar o Débito Técnico. Os testes automatizados ajudam a garantir que as alterações no código não introduzam erros ou defeitos na plataforma. Além disso, os testes automatizados ajudam a garantir que a plataforma continue funcionando corretamente ao longo do tempo. Existem várias ferramentas e estratégias disponíveis para implementar testes automatizados, incluindo testes unitários, testes de integração e testes de aceitação.
Além disso, é importante monitorar constantemente o acúmulo de Débito Técnico (isso é um assunto para o próximo artigo) e investir em ações para reduzi-lo ao longo do tempo. Isso pode envolver a refatoração de código legado, a implementação de novas funcionalidades usando as boas práticas de Arquitetura de Software, a revisão periódica do código existente, entre outras iniciativas. Dessa forma, é possível manter a qualidade do código e garantir a escalabilidade, a segurança e a performance da plataforma de software ao longo do ciclo de vida do projeto.
Algumas maneiras de monitorar o débito técnico incluem análise estática de código, revisão periódica e contínua de código, monitoramento de métricas, além do gerenciamento de backlog.
Sugestões de leitura:
- “Refactoring: Improving the Design of Existing Code” de Martin Fowler;
- “Working Effectively with Legacy Code” de Michael Feathers;
- “Test Driven Development: By Example” de Kent Beck.
Estratégias para lidar com o Débito Técnico acumulado
É muito comum que durante o processo de desenvolvimento de um software, o time se depare com o Débito Técnico acumulado. Esse termo se refere a uma dívida que a equipe contrai com a qualidade do código quando opta por soluções mais rápidas e menos eficientes. É importante saber lidar com essa situação, já que o Débito Técnico pode aumentar a complexidade do projeto, tornando-o mais difícil de ser mantido no futuro. Felizmente, existem estratégias que podem ajudar a lidar com o Débito Técnico acumulado:
- Refatoração: essa estratégia envolve a revisão e a reorganização do código existente para melhorar a qualidade e a legibilidade do mesmo, sem alterar sua funcionalidade. A refatoração pode ser uma boa opção para reduzir o acúmulo de Débito Técnico, já que ela permite corrigir problemas de design, simplificar a lógica de negócio e melhorar a manutenibilidade do código.
- Reescrita parcial: em alguns casos, pode ser necessário reescrever partes específicas da plataforma para eliminar o Débito Técnico acumulado. A reescrita parcial pode ser uma opção quando o código já está muito complexo ou quando mudanças significativas na arquitetura são necessárias. É importante destacar que essa opção deve ser cuidadosamente avaliada, já que a reescrita de uma parte do código pode afetar outras áreas da plataforma.
- Adoção de práticas de desenvolvimento mais sustentáveis: para evitar o acúmulo de Débito Técnico no futuro, é fundamental adotar práticas de desenvolvimento mais sustentáveis, como a revisão de código regular, a implementação de testes automatizados, a utilização de ferramentas de análise estática de código, a documentação adequada, entre outras. Essas práticas ajudam a garantir que o código seja escrito de forma mais clara e organizada, o que reduz a possibilidade de Débito Técnico.
- Investimento em treinamento e capacitação da equipe: a equipe de desenvolvimento é a principal responsável pela qualidade do código e pela redução do Débito Técnico. Por isso, é importante investir em treinamento e capacitação para que a equipe possa desenvolver suas habilidades e conhecimentos, tornando-se mais eficiente e capaz de escrever um código de melhor qualidade.
Algumas sugestões de leitura:
- “Continuous Delivery: Reliable Software Releases through Build, Test, and Deployment Automation” de Jez Humble e David Farley;
- “Clean Code: A Handbook of Agile Software Craftsmanship” de Robert C. Martin;
- “The Pragmatic Programmer: From Journeyman to Master” de Andrew Hunt e David Thomas.
Exemplos práticos de boas práticas
Para ilustrar as boas práticas de arquitetura de software em projetos de plataformas de ecommerce com ciclo de vida longo, é possível explorar exemplos práticos de empresas que tiveram sucesso na implementação dessas práticas e as lições aprendidas ao longo do processo.
Uma empresa que se destaca nesse sentido é a Amazon, que construiu uma arquitetura altamente escalável, segura e eficiente para sua plataforma de ecommerce. A Amazon utiliza uma arquitetura baseada em microsserviços, que permite a criação de serviços independentes e altamente especializados, tornando a plataforma escalável, resiliente e facilmente mantida. Além disso, a empresa utiliza práticas de integração contínua e entrega contínua (CI/CD), implementando testes automatizados em todas as fases do desenvolvimento, o que contribui para reduzir o risco de Débito Técnico.
Outra empresa que vale a pena mencionar é a Zalando, uma plataforma de ecommerce europeia que implementou uma arquitetura de software altamente modular e escalável, baseada em microsserviços. A empresa adotou a prática de “fail fast, fail forward”, que incentiva a experimentação e a rápida iteração de ideias, contribuindo para a inovação e para a redução do risco de Débito Técnico.
Também podemos destacar a Magento, uma plataforma de ecommerce de código aberto utilizada por diversas empresas em todo o mundo. A Magento utiliza uma arquitetura baseada em módulos, o que permite a modularização do código e a criação de serviços independentes, tornando a plataforma altamente escalável e facilmente extensível. Além disso, a Magento disponibiliza uma extensa documentação, uma comunidade ativa e uma série de ferramentas para testes automatizados, o que contribui para reduzir o risco de Débito Técnico.
Imagine então você com uma empresa de ecommerce. Você sabe que para se manter no mercado e continuar crescendo é necessário que a plataforma seja escalável, segura e tenha uma boa performance. Além disso, é importante que o desenvolvimento de software seja eficiente e efetivo. Mas como alcançar tudo isso?
A resposta está na adoção de boas práticas de Arquitetura de Software. Implementar uma arquitetura consciente e estratégica pode garantir tudo o que a sua empresa precisa para se manter no mercado e se destacar. Afinal, ter uma plataforma escalável, segura e com uma boa performance ao longo do tempo é fundamental para evitar o tão temido Débito Técnico. E, além disso, a implementação dessas boas práticas pode trazer eficiência e efetividade ao desenvolvimento de software.
Não são apenas exemplos, são casos de sucesso. Adotar boas práticas de Arquitetura de Software pode fazer toda a diferença para o seu negócio!
Fica, vai ter coxinha!
Depois de explorarmos as principais decisões arquiteturais em uma plataforma de ecommerce com ciclo de vida longo e os riscos associados ao acúmulo de Débito Técnico nessas decisões, vimos como a adoção de boas práticas de Arquitetura de Software pode ser benéfica para as empresas que atuam nesse mercado.
Ao implementar uma arquitetura consciente e estratégica, é possível garantir a escalabilidade, a segurança e a performance da plataforma ao longo do tempo, minimizando o risco de Débito Técnico e aumentando a eficiência e a efetividade do desenvolvimento de software. Vimos também que existem diversas estratégias para lidar com o Débito Técnico acumulado, como a refatoração, a reescrita parcial e a adoção de práticas de desenvolvimento mais sustentáveis.
Além disso, listamos casos de sucesso e lições aprendidas de empresas que adotaram boas práticas de Arquitetura de Software em seus projetos de ecommerce com ciclo de vida longo. Esses exemplos ilustram a importância de se investir em uma arquitetura bem planejada e executada, que leve em conta as necessidades da empresa e do mercado em que ela atua.
Em resumo, é fundamental entender que a arquitetura de software é um elemento crucial para o sucesso de um projeto de ecommerce com ciclo de vida longo. Adotar boas práticas e estratégias para lidar com o Débito Técnico acumulado pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso de um empreendimento. Portanto, é importante investir tempo e recursos em uma arquitetura consciente e estratégica desde o início do projeto, a fim de garantir a eficiência, a efetividade e a longevidade da plataforma.
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